"Os
defensores da tolerância são sempre mesmo os mais intolerantes. Os profetas da
inclusão são os primeiros a excluir o que lhes incomoda. No fundo, são crianças
mimadas, que querem tudo à maneira de seus gostos".
A religião
anda provocando histeria. Mas não! Não é dentro das igrejas que isso está
acontecendo. Quem está entrando em desespero são os ideólogos de esquerda, os
grupos chamados minoritários, os relativistas pragmáticos. Eles estão
arrancando os cabelos por causa de uns meros pastores de ovelhas. Bom, talvez
seja mesmo essa a função destes: espantar os lobos.
A reação é histérica porque exagera os poderes do
inimigo. Quando eles falam, parece que a religião se impõe de maneira
totalitária, parece até que tudo é dominado por ela. Talvez um dia tenha sido
assim. Mas hoje? Na cultura, nas artes, na mídia, a religião, principalmente a
cristã, praticamente não tem vez. Um programinha ou outro, com espaço comprado
a muito custo, em um horário abandonado na grade de um canal de segunda
importância, é o máximo de influência que as igrejas atingem.

Quando, porém, ouço os gritos aterrorizados contra
um pastor de nível intelectual inferior, que faz chapinha no cabelo, como se
ele fosse um monstro devorador, um líder capaz de causar destruições
apocalípticas na sociedade brasileira, minha cabeça entra em confusão. Quando
um outro pastor, um tanto mais inteligente, mas que claramente demonstra sua
ingenuidade ao se esbaforir todo ao defender suas convicções, tendo sido a vida
todo um simples líder de igreja, é tratado como um criminoso terrível,
apologista de matança e violência, percebo que algo está fora do eixo nesta
descrição.
Então me pergunto: o que incomoda tanto esse
pessoal? O que os atemoriza? Por quê grupos politicamente tão fortes, regados
com rios de dinheiro público, que têm o apoio quase incondicional de todos os
meios de comunicação, que conseguem arregimentar várias pessoas para ficarem
gritando e esperneando na hora que eles quiserem, se sentem tão ameaçados por
meros pastores e padres que, obviamente, consideram até puxar o rabo de um gato
um pecado sério?
Na verdade, essas pessoas, que tanto falam em
democracia e em liberdade, não
sabem conviver com o diferente. Parece até um
paradoxo. E é mesmo!
Os defensores da tolerância são sempre mesmo os mais
intolerantes. Os profetas da inclusão são os primeiros a excluir o que lhes
incomoda. No fundo, são crianças mimadas, que querem tudo à maneira de seus
gostos. Aceitam brincar, mas apenas se for do jeito deles. E se não for, põem a
bola debaixo do braço, chorando, e dizem: a bola é minha, o jogo acabou!
Também agem como adolescentes, recém ingressos na
puberdade, que estando ainda na fase da descoberta de si mesmo, na fase de
construção de sua identidade e individualidade, se revoltam contra aqueles que
consideram superiores. Mas é uma revolta imatura, sem causa. É apenas uma
afirmação de si mesmo, mais que uma negação do superior. Quando o bando grita
contra os religiosos, isso apenas demonstra a consideração que tem por eles.
Demonstra que a religião é como um pai, que precisa ser negado, que precisa ser
afastado, mas apenas para que sua própria identidade se estabeleça. Não há
motivo, não há causa.
De qualquer maneira, a Psicologia afirma que o
indivíduo alcança a maturidade quando ele consegue reintegrar-se com seus pais,
tendo-os não mais como autoridade impositiva, mas através de uma relação de
troca e colaboração. Portanto, talvez haja uma esperança. Quem sabe um dia
essas pessoas não cresçam e finalmente entendam que Deus não é tão mau quanto
eles pensam, nem tão intolerante. Se bem, que, cada vez mais, há velhos que
jamais deixam suas próprias adolescências.